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segunda-feira, 23 de março de 2015

Adubação Verde

O que é adubação verde?


     A adubação verde é uma prática de cultivo de plantas com elevado potencial de produção de biomassa vegetal, semeadas em rotação, sucessão ou consórcio com espécies de importância econômica. A adubação verde promove inúmeros benefícios como, melhorar a capacidade produtiva do solo, aumentando sua fertilidade e garantindo produtividade e maior renda para os produtores.
  Esta prática pode ser realizada com diversas espécies vegetais, porém cada uma delas apresenta características diferentes como produção de massa verde/seca, tempo de decomposição, velocidade de crescimento, produção de compostos alelopáticos (substâncias químicas liberadas pelas plantas, que influenciam o desenvolvimento de outras plantas).


Vantagens da adubação verde


- Dificulta ou impede a germinação de sementes de plantas daninhas; também pode suprimir ou controlar invasoras, através da competição por luz, água e nutrientes (alelopatia).
- Ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos benéficos às culturas agrícolas.
- Mantém a umidade do solo, diminuindo as perdas por evaporação e aumenta a infiltração de água no solo, diminuindo o escorrimento superficial.
- O sistema radicular de espécies de adubação verde possui alta eficiência na descompactação dos solos e consequentemente aumentam a matéria orgânica. 
- Impede o impacto direto das gotas de chuva sobre o solo, que são responsáveis pela compactação deste. Facilita a estruturação do solo (melhor agregação, maior aeração).
- A adubação verde pode facilitar a nutrição dos cultivos subsequentes, pois pode converter micronutrientes pouco disponíveis em formas mais disponíveis e garantir ação protetora proporcionada pelos resíduos orgânicos deixados pelas culturas. 
- O uso de consórcio (mistura de espécies) entre plantas de cobertura, controla a velocidade de decomposição e liberação de nutrientes dos resíduos culturais. A reciclagem de nutrientes acontece em função do sistema radicular das plantas de cobertura que retiram os nutrientes de camadas mais profundas do solo, transformando-os em material orgânico, posteriormente liberados na superfície. Os nutrientes são mineralizados e disponibilizados em doses contínuas para o aproveitamento dos cultivos.


Uso de Adubação verde



Preparo do solo

     O uso dos adubos verdes pode ser feito tanto em áreas em que se fez o preparo do solo, como em áreas cobertas por palhadas ou restos culturais. É importante ressaltar os cuidados que se deve tomar com o uso de enxadas rotativas no preparo do solo, principalmente de microtratores, pois esse implemento movimenta excessivamente o solo, desestruturando-o e compactando-o.



Escolha das espécies para adubação verde – Consórcio de espécies

     Para a adubação verde, sugere-se o consórcio de leguminosas (ervilhaca, feijão de porco), gramíneas (aveia, milheto) e outras plantas como o nabo forrageiro. As gramíneas, com decomposição mais lenta, fornecem uma cobertura residual mais estável, ao passo que as leguminosas contribuem com um aporte maior de nitrogênio e decomposição mais rápida. A produção de palhada em quantidade é muito importante para aumentar a matéria orgânica do solo (que dá a cor escura dos solos, característica dos solos de mata e normalmente mais férteis) e também para a proteção contra efeitos negativos causados pelas fortes chuvas e pelo sol. 



Época de semeadura

     A época do ano favorável está relacionada ao aproveitamento adequado da água, temperatura e luz. Estes são fatores que interferem diretamente na produção de massa verde, ramos e folhas e de sementes. Na região Sul: as espécies de verão, semear preferencialmente na primavera-verão, a partir do início do período chuvoso. Espécies de inverno, semear no outono.



Manejo



A forma de manejo depende da finalidade da adubação verde:


Acamamento – é a prática mais recomenda para realização de plantio direto e cultivo mínimo de hortaliças ou grãos; nos pomares e parreirais. Ele pode ser feito com equipamentos simples como rolo-faca ou mesmo com tronco de árvore, ou pneus, arrastando a caçamba do trator, etc. 
Quando deve ser feito? Para as gramíneas no estágio de grão leitoso; para leguminosas na plena floração.

Roçada – esta prática pode ser usada no manejo da adubação verde quando não se consegue fazer o acamamento. É importante destacar que a roçada pica o material e que decompõe mais rápido, perdendo o efeito de proteção do solo e de “abafamento” das plantas espontâneas.

Importante: Nos pomares ou parreirais, sempre que houver secas/estiagens, principalmente se isto ocorrer no período de crescimento vegetativo, a adubação verde deve ser acamada ou roçada para evitar a competição por água com as plantas. 

Incorporação/Lavração - quando a adubação verde é feita para cultivo de hortaliças que se desenvolvem melhor em canteiros (como cenoura, por exemplo), pode-se incorporar a adubação verde, mas isto deve ser feito superficialmente (10 a 15 cm de profundidade). Neste caso, a incorporação deve ser feita pelo menos três semanas antes da semeadura ou transplante para a decomposição do material e não intoxicar / “queimar” as culturas.



Algumas espécies para adubação verde – Características



Crotalária (Crotalaria juncea)

     A crotalária é uma leguminosa de ciclo anual, de porte alto 2 a 3 m e fibrosa. Apresenta crescimento inicial rápido e um importante efeito supressor e, ou alelopático às invasoras. Desenvolvem-se em solos quimicamente pobres e com baixo teor de matéria orgânica e produz elevada massa, adaptando-se bem ao cultivo em diferentes regiões. Pode ser cultivada solteira, consorciada com milho ou intercalada com culturas perenes. Desenvolve-se bem em solos argilosos a franco arenosos e arejados, não tolera encharcamento. A principal vantagem desta espécie é a sua velocidade inicial de crescimento, promovendo rápida cobertura do solo. Além disso, é eficiente no controle de nematóides.


Feijão-de-porco (Canavalia ensiformis)

     O feijão-de-porco é uma leguminosa, resistente às altas temperaturas e à seca, com hábito determinado. Suas folhas grandes favorecem boa cobertura. 
     Espécie muito rústica e adaptável aos solos de baixa fertilidade com a propriedade de imediatamente enriquecê-los, tolerando solos ácidos, salinos, mal drenados e com textura variável (desde arenosos a argilosos). O manejo deve ser feito no florescimento ou início da formação de vagem. 
     Tem efeitos alelopáticos às invasoras, atuando eficientemente no controle de tiririca. Recomenda-se efetuar o plantio a partir de setembro, estendendo-se até dezembro nas regiões onde ocorrem geadas a partir de abril/maio. O plantio pode ser solteiro ou consorciado com milho, citros e outras culturas. 


Milheto (Pennisetum glaucum)

     O milheto é uma gramínea anual de verão, de crescimento ereto, e apresenta excelente produção de perfilho e vigoroso rebrote após cortes ou pastejo. A estrutura do colmo pode atingir 1,5 m entre 50 e 55 dias após a emergência. Em comparação com o milho e o sorgo requer mais calor para germinar e se estabelecer de maneira uniforme e proveitosa.
     O milheto apresenta grande potencial forrageiro, pelo seu alto valor nutritivo. A cultura do milheto é de fácil instalação e requer poucos insumos, pois a planta tem um sistema radicular profundo e vigoroso, o que a torna eficiente no uso de água. Tem alta resistência à seca, adaptabilidade a solos de baixa fertilidade, capacidade de produção e é excelente forrageira. Também contribui para o controle de invasoras, principalmente pela competição por água, nutrientes e luz e porque cobre rapidamente o solo.


Aveia preta (Avena stringosa)

     A aveia preta é uma gramínea anual. É a espécie mais cultivada como cobertura de inverno no Sul do Brasil, pois antecede os cultivos de milho e soja, em sistema de plantio direto. De fácil aquisição de sementes e implantação, rusticidade, rapidez de formação de cobertura, decomposição lenta e ciclo adequado, são suas principais vantagens.
  Como planta de cobertura, protege o solo, pois o cobre rapidamente, bem como melhora as características físicas e químicas deste. Apresenta elevados efeitos supressores alelopáticos sobre muitas invasoras, diminuindo os custos com capina e herbicidas. A aveia fornece massa rica em nutrientes, principalmente o potássio, que pode favorecer o solo em um programa de rotação de culturas. É empregada como regeneradora da sanidade do solo, pois diminui a população de patógenos, além de aumentar os rendimentos das culturas de verão.


Nabo forrageiro (Raphanus sativus)

     O nabo forrageiro é uma planta anual, cultivado no outono/inverno no Sul do Brasil e que apresenta, entre outras vantagens, o desenvolvimento inicial muito rápido, alto rendimento de matéria seca e ciclo curto.       Tem elevada capacidade de reciclagem de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, o que a torna uma importante espécie em esquema de rotação de culturas. Por ter decomposição rápida, geralmente é consorciada com aveia, centeio ou ervilhaca.
    É uma planta com sistema radicular pivotante e agressivo, capaz de romper camadas de solo extremamente compactas a profundidades superiores a 2,5 m. Apresenta, ainda, características alelopáticas muito acentuadas que lhe confere a condição de inibir a emergência e o desenvolvimento de invasoras.


Ervilhaca comum (Vicia sativa)

     A ervilhaca é uma planta de inverno, que tem como característica a capacidade de fixar nitrogênio atmosférico através de bactérias, aumentando a disponibilidade desse nutriente no solo. A ervilhaca desenvolve-se em solos corrigidos ou já cultivados, com bons teores de cálcio, fósforo e sem problemas de acidez. É recomendada para o cultivo em rotação de culturas, além de promover grande disponibilidade de nitrogênio às culturas sucessoras. Proporciona uma boa cobertura do solo e é considerada como planta melhoradora das características físicas, químicas e biológicas do solo. Por ser geralmente de hábito trepador, o cultivo da ervilhaca poderá ser consorciado com aveia, tremoço, centeio, azevém entre outras.


Fonte: http://www.ucs.br/site/midia/arquivos/Aduba%C3%A7%C3%A3o_e_Compostagem_2.pdf

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