Entidades ambientalistas alertam que mais de 50% do ecossistema do Rio Grande do Sul já foi destruído por monoculturas e pastagens
Os ecossistemas existentes em um total de 178 mil quilômetros quadrados de área, mais especificamente 2,1% do território nacional, estão em risco de extinção, podendo desaparecer nos próximos 20 anos. Significa dizer que os gaúchos que nascerem em dezembro de 2017 poderão não conhecer, no início da vida adulta, cerca de 3 mil espécies de plantas, 500 de aves e mais de 100 de mamíferos, alguns endêmicos (espécies que se desenvolvem somente em determinado local do planeta). É o Pampa Gaúcho, uma das áreas de campo em clima temperado mais importantes do mundo, que, no próximo domingo (17), tem uma data específica para ser celebrado.
Para defender esse patrimônio, entidades ambientalistas do Rio Grande do Sul se uniram para o lançamento da campanha "O Pampa não pode acabar", que será repercutida a partir deste domingo, no Parque Farroupilha (Redenção), durante a Mateada Dia do Bioma Pampa. O evento ocorre a partir das 16h, ao lado do Monumento ao Expedicionário (https://goo.gl/4m8edC). Pelotas também programou atividade para a mesma data, na Praia do Laranjal, junto ao trapiche, às 16 horas. Haverá distribuição de bolo comemorando a data e benção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre o Bioma Pampa, em sintonia com a Campanha da Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida.
A organização é da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá), Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente (MoGDeMA), EcoAgência de Notícias Ambientais, ligada ao Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ/RS), Assembleia Permanente de Entidades em Defesa do Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (APEDeMA-RS), Instituto de Biologia/UFPel, Embrapa Clima Temperado, Associação Brasileira de Agroecologia, Coletivo A Cidade que Queremos, e Fronteiras Culturais / Fronteras Culturales.
Atentas às antigas ameaças ao bioma, como a progressiva introdução e expansão das monoculturas, principalmente de soja e plantio extensivo de espécies exóticas, como o eucalipto, pinos e acácias, que geram a degradação e descaracterização das paisagens naturais, as organizações querem sensibilizar os gaúchos em relação à iminente perda de nossa fauna e flora e os riscos econômicos e sociais gerados ao Estado e população. O bioma fornece matérias-primas, frutos nativos, plantas ornamentais, abelhas sem ferrão, possibilita a pecuária extensiva, serviços ambientais como sequestro de carbono, controle de erosão e de enchente, conforme a bióloga e doutora em Ecologia Luiza Chomenko. Além de uma paisagem única e ligada à identidade cultural do gaúcho, abriga parte do aquífero Guarani, um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do mundo.
Entre as ações está a retomada da luta pela aprovação da PEC 05/2009, de autoria do senador Paulo Paim (PT/RS), que inclui a região do Pampa no Artigo 225 da Constituição Federal, entrando assim na lista de biomas protegidos e passando a ser considerado Patrimônio Nacional. Conforme informação constante no site do Senado, o projeto está pronto para deliberação do plenário desde 9 de novembro último. Há uma consulta pública na página onde é possível votar contrário ou favorável ao projeto (https://goo.gl/1aJzU8).
O Pampa faz parte de uma extensa região natural com mais de 750 mil quilômetros quadrados que abrange o Uruguai, o centro-leste da Argentina e o extremo sudeste do Paraguai, além da metade sul do Rio Grande do Sul. A região, denominada Pastizales del Río de la Plata ou Campos e Pampas, constitui a maior extensão de ecossistemas campestres de clima temperado do continente sul-americano.
Mais da metade já não existe!!!
O dia 17 de dezembro foi escolhido em homenagem ao nascimento do ambientalista José Antônio Lutzenberger, que completaria 91 anos em dezembro, uma das primeiras pessoas a perceber a riqueza do bioma brasileiro menos preservado. O Pampa foi reconhecido como Bioma em 2004 e teve seu dia criado em 2007 Estimativas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) de perda de hábitat dão conta de que em 2002 restavam 41,32% e, em 2008, apenas 36,03% da vegetação nativa do Bioma Pampa, o segundo mais degradado do país, perdendo apenas para a Mata Atlântica. Mais de metade dele já foi perdido, ou 54% de sua área original, com a transformação dos campos sulinos em área de exploração agrícola. O trabalho de pesquisa tem demonstrado que a integração da atividade agropecuária com o Bioma pode permitir sua conservação.
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