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domingo, 12 de agosto de 2018

PANCs no meu prato: que Punk!

        Tu já ouvistes falar deste acrônimo em algum momento? Pois é... ainda pouco conhecido e pouco divulgado, o termo é utilizado para denominar as Plantas Alimentícias Não Convencionais, espécies que nossos ancestrais já utilizavam como vegetais base para a sua alimentação. Aquelas que encontramos nos mais variados lugares, de fácil adaptação edafológica e cosmopolitas. São espécies que resgatam a memória biocultural dos povos, não tendo nada a ver com o movimento ideológico dos verdadeiros punks porém, se assemelham na grande resistência e resiliência. 
        Vegetais que possuem um valor nutracêutico muito superior que espécies cultivadas e híbridas que geralmente estamos acostumados a ingerir e comprar no super mercado. Se pararmos para refletirmos, quantas espécies vegetais consumimos diariamente? Feijão preto, arroz branco agulhinha polido, alface, rúcula, tomate, banana, maçã, laranja... temperos talvez? Outras frutas, quem sabe? Todas estas espécies alimentares foram introduzidas no Brasil e não são nativas daqui, para produzi-las necessitamos de muitos agroquímicos e adubos sintéticos para enfrentar as pragas. 
      Plantas nativas da nossa região possuem muito mais adaptabilidade e rusticidade, podendo assim reduzirmos o uso desses biocidas no momento de sua produção. Mas aonde eu encontro as Pancs? Feiras de agricultura familiar da sua região e fruteiras ecológicas. Quanto mais o consumidor (nós) exigirmos, maior será a oferta! Comer vegetais, legumes e frutas não lhes agrega segurança alimentar e nutracêutica suficiente! Quanto mais biodiverso e melhor nos alimentarmos, menores serão as chances de desenvolvermos qualquer tipo de doenças, principalmente o câncer e a arteriosclerose.
        Pesquisas científicas apontam que as PANCS são ricas em vitaminas e minerais que geralmente não encontramos nas demais espécies, bem como, na sua grande maioria, possuem antioxidantes, antocianinas e polifenóis, o que nos traz inúmeros benefícios para a saúde e aumentam a nossa imunidade, sendo o principal deles o combate aos radicais livres, que são os responsáveis pelo envelhecimento precoce do nosso organismo. 
       Consumir alimento não é somente algo biológico, mas sim um ato social, que envolve todas as comunidades. É a maior rede do mundo e a sua capacidade de integrar e denotar relações não deve ser subestimada! Exija alimentos seguros, saudáveis e estimule a produção e consumo local! 
     Segue abaixo a reportagem completa feita pela Medical TV sobre estas espécies promissoras e pouco conhecidas. Semana iluminada a todos!


                                 

                                

por Luana Minello


segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

De Onde Vem Meu Alimento?


      Da TERRA vem!
       Tu já te perguntastes de onde vem o alimento que está no teu prato ou na prateleira do mercado, tão prático e acessível, muitas vezes até picado ou sem casca?! Sim, aos leigos, pasmem: vem da Terra! Não da lata, não do pacote, não da caixinha e não somente do mercado. O leite que está na embalagem plástica ou de alumínio saiu da teta da vaca (simmm! TETA da VACA, animal mamífero e ruminante, muitas vezes criado em confinamento). Ai meu Deus!! E Agoraaa??!!  
      Enfim... brincadeiras a parte, hoje gostaria de chamar a atenção dos leitores para a alimentação e a  relação de cada um com o meio em que vivemos. Aonde que perdemos os nossos laços ancestrais de manejo, cultivo e cuidados com o solo de forma conectada e harmônica? Não se sabe. Talvez pelos dias corridos e a falta de "tempo" que nos assola? Talvez por falta de prática? Falta de espaço em casa? Falta de vontade? Mais uma vez: não se sabe. 
      O alimento que nos vem até o prato antes foi semente, mudas pequenas e frágeis, cresceram, deram frutos. Mas e daí? A produção e  o manejo não se fazem sozinhos, precisamos de atores para este enredo. E é aí que entra os nossos grandes artistas! (Simmm! Gigantes!) Os PRODUTORES RURAIS, nossos AGRICULTORES. Antigamente conhecidos como paisanos, formadores de paisagens, do país. Mas porque hoje, ser colono é algo tão pejorativo e muitos até acham vergonhoso? 
     Sem os nossos paisanos não haveriam frutas para a granola matinal, nem saladas para uma vida fitness e saudável, nem alimento algum. A arte de plantar e colher é, muitas vezes, árdua. Possui seus desafios: cultivar sob calor do sol forte, chuvas, gelo das geadas, pragas... Mas tu já fostes numa feira e conversastes com o produtor rural? Ele sempre dirá que AMA o que faz, mesmo enfrentando estas  dificuldades, muitas vezes sendo descriminado pela sua profissão. Pessoas, por favor, acordem!  Precisamos auxiliá-los! Já que as políticas públicas os deixam esquecidos no limbo. O Agronegócio não é familiar, o nome emblemado já diz: Agro(NEGÓCIO), é somente uma forma do "grande" se sobressair cada vez mais, engolindo os pequenos produtores que promovem a biodiversidade dos sistemas e segurança alimentar. 
     Além de tudo, hoje não vemos mais jovens no campo. As famílias reduziram o seu tamanho, os filhos vão pra cidade estudar e não voltam mais. Cadê a sucessão familiar? Precisamos auxiliar os produtores, auxiliar os jovens e incentivá-los a cultivar a terra de forma agroecológica. Mas nas faculdades se aprende o que? Passar veneno. Os tais de "agroquímicos", remédios das plantas que trazem a salvação de todos... (Só que não!). Já falamos em outros artigos aqui, mas vou relembrar: 76% do total da alimentação mundial vem de pequenas propriedades, com até 4,5hac,  mantidas exclusivamente pelas famílias rurais. Não vem do monocultivo e muito menos das multinacionais. 
   Porém, com a regressão das atividades no campo, a morte e assoreamento dos solos e, principalmente, a falta de interesse na sucessão familiar das pequenas propriedades agrícolas, estamos fadados a falta de alimentos naturais, frescos, biodiversos e seguros. O agricultor já não dá mais conta de fazer tudo sozinho, precisamos de co-produtores ou, nos contentaremos em viver de enlatados e alimentos fabricados em laboratórios, como ratos mantidos em gaiolas...
    Contudo, creio que o texto talvez se faça agressivo para alguns, mas a intensão é realmente esta: provocar. Reflitam! Não salvaremos tudo e todos, isto é utópico, pois a situação de devastação tem tomado grandes proporções. Mas tomemos consciência de que podemos ao menos minimizar os danos já consolidados. Visitem algum agricultor uma vez ao menos, ou uma feira. Conversem com eles, tenham empatia. Trabalhar de sol a sol na roça não é fácil. Mas reclamar dos preços dos legumes sim. Precisamos de mais pessoas com empatia e olhar recíproco ao próximo.
    Aos colegas e alunos, fica a dica: trabalhem com extensão rural. É algo apaixonante! Segue abaixo fotos da Feira Orgânica de Caxias do Sul. Produtos biodiversos advindos da agricultura familiar da Serra. A feira acontece todos os sábados, das 6h ás 11:30h, na Praça das Feiras. Também deixarei um pequeno documentário feito com produtores rurais da região de Pelotas, RS. Boa semana a todos!













por Luana Minello